Água Viva, Rosa dos Ventos e Jung

analiticamente
3 min readFeb 25, 2021

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“Água viva” foi o livro que eu ganhei de presente da Milena Raposo, de amiga secreta, e foi a primeira leitura que eu decidi realizar em 2021. Com uma escrita que difere de seu estilo, Clarice abarca diversos aspectos autobiográficos, que despertam sentimentos extremados em seus leitores. Alguns amam a obra, outros odeiam.

Nessa edição, é possível conhecer mais sobre o processo de publicação de “Água viva” e como esse livro passou por várias revisões, chegando até a mudar de título (anteriormente era chamado “Atrás do pensamento: diálogo com a vida”) e a perder mais de cem páginas. Era uma publicação corajosa e Clarice sabia disso.

O que mais me surpreendeu, no entanto, foi a leitura de um dos textos complementares dessa edição. No texto “Água viva: antilivro, gravura ou show encantado”, de Teresa Monteiro, há uma menção sobre a adaptação da obra por Fauzi Arap e como ele combinou elementos da Psicologia Analítica, de C.G.Jung, em especial seus escritos sobre alquimia.

Fonte: http://www.flavioimperio.com.br/galeria/508290/508309

O espetáculo se chamava “Rosa dos Ventos-Um show encantado” e contou com a participação de Maria Bethânia na interpretação e de Flávio Império na elaboração dos figurinos e nos cenários. A peça foi dividida a partir dos quatro elementos: Terra, Água, Eu-difícil (o centro), Fogo e Ar. Tinha-se como intuito também, homenagear o retorno de artistas que foram exilados no período da ditadura, como Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Fonte: http://www.flavioimperio.com.br/galeria/508290/508312

“Água viva tornou-se força inspiradora no diálogo com outros campos artísticos. Em Mare Nostrum, Fauzi Arap falou do propósito de transformação e alquimia entre as pessoas reunidas no processo de criação de Rosa dos Ventos, ‘tínhamos naquele momento a disposição de realizar uma transformação radical em nosso estilo de vida, cada uma à sua maneira’. Fauzi revelou que nesse período de buscas continuava comprometido com o caminho de interiorização, caminho este que o levava às ideias de Jung, ao ‘Atrás do pensamento’, de Clarice, e ao seu trabalho voluntário com aulas de teatro na Casa das Palmeiras, quando então se aproximou da psiquiatra Nise da Silveira, criadora do Museu das Imagens do Inconsciente. ” (p.183)

Pra quem quiser saber mais sobre o espetáculo, indico o site do Flávio Império (http://www.flavioimperio.com.br/projeto/508290) lá tem várias informações e imagens sobre a peça e o álbum “Rosa dos Ventos- O show encantado” (https://open.spotify.com/album/4R0jOBU9sO6ZcR4BHQtBZz), que é muito prazeroso de ouvir.

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